CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

8.1.13


Já havia iniciado a temporada de leituras praianas, em pleno deleite de Rodrigo Faour, ed. Record, sobre a minha sempre adorada Dolores Duran – presente natalino do querido amigo Didi Avelino (RN-RJ), quando me vi  forçado a uma breve interrupção, para voltar ao tema do momento – passagem ou não de Exupéry por Natal.

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista
 

Reli alguns trabalhos e livros pertinentes, em especial, numa só tirada, Correio Sul, sua estreia na literatura, Voo Noturno, estes da Ed. Europeia do Livro, 1927 e 1931, depois Terra dos Homens, Ed. José Olímpio, 1939, na busca de referências de sua passagem pela Capital Potiguar, como indicam alguns escritores, que assim constataram nos textos do autor de O Pequeno Príncipe.

Sim, há uma simplória referência no cap. II do Correio Sul: ... Apressemo-nos, senhores, apressemo-nos ...Mala por mala, o correio se afunda no ventre do aparelho. Verificação rápida: Buenos Aires ... Natal ... Dacar ... Casablanca ... Dacar. Trinta e nove malas. Exato?

Como se pode ver, meras divagações do romance, escrito quando o escritor-piloto sequer tinha sido nomeado para dirigir a Aeroposta Argentina (1929-1931). Assim, não tem qualquer cabimento a confusão entre os personagens, Jacques Bernis com Exupéry.


No livro Voo Noturno, o chefe Rivière, o inspetor Robineaux ou o piloto Pellerin, ofertam dezenas de diálogos, porém nada sobre Natal.

Em Terra dos Homens, que conquistou o Grande Prêmio de Literatura da Academia Francesa, às portas da segunda guerra mundial, 1939, descreve personagens e pessoas reais, abordando a alma humana nas suas delícias e desencantos da vida nômade de um piloto do correio aéreo. Nada sobre Natal.

Não é por aí, vou continuar garimpando livros e sites para a busca de algum indício mais confiável.

Volto ao porto anterior, pois aguardam-me “O Vendedor de Poesias”, de Iveraldo Guimarães, Ed. Sebo Vermelho; “O fole roncou”, de Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, ed. Zahar, mas, prioritariamente, “a noite e as canções de uma mulher fascinante” – Adiléia Silva da Rocha, nossa Dolores Duran, de vida breve (1930-1959), mas de obra sólida e eterna.

Era a época de ouro do rádio, veículo de comunicação preferido, com programas de auditório ao vivo, sem a ocupação do cenário pela TV ou novos meios oferecidos pela era da cibernética – apenas os velhos vinis de 78, 45 e 33 rotações, as chanchadas do cinema nacional e o apogeu das grandes orquestras... Severino Araújo, Ruy Rey e os famosos conjuntos musicais.

Um pouco de saudade não faz mal a ninguém!

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