CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

19.12.11

“Coisas da vida” – Por @LeideFranco*

Passado, presente, futuro: medidas de tempo. Tempo subjetivo. A gente tenta matá-lo e ele é quem nos enterra. O tempo das coisas não nos pertence. Quem diz que quem faz o nosso tempo é a gente, não sabe que leis infringe. Quem fez o tempo, não nos o deu, apenas emprestou por um tempo determinado, e nós mortais estamos por aqui esperando o prazo de validade dele vencer.

Estou sempre voltando nesse tempo quantificável porque talvez nunca me deixo ir inteira. Sou metade hoje com metade de ontem. Estou sempre retornando tentando reencontrar o passado na tentativa de entender meu presente futuro. É como vestir uma roupa velha que não serve mais, como canta Belchior. Devo estar ignorando a linearidade do tempo e caminhando em um ciclo, no qual todos nós estamos inseridos.


O passado é uma lousa que a gente não consegue apagar. O passado não é mais e o futuro não é ainda. O presente é um rio que corre sem parar, e assim faz com que a eternidade não exista, e nele é muito mais fácil olhar para trás do que tentar enxergar o desconhecido no futuro. Cada tempo já foi e será um presente. No fim só o que realmente existe é o presente. A cada palavra que você lê aqui, agora, você está vivendo os três tempos (passado, presente e futuro). O presente será sempre o tempo.

“Cada momento, cada segundo é de um valor infinito, pois ele é o representante de uma eternidade inteira”. (Goethe)

O tempo é marco para o nascer e o morrer das coisas. Parece-me que ele só faz sentido assim, se tiver início, meio e fim. Somos reféns dele. Pare uns segundos para pensar no seguinte: Temos vinte e quatro horas por dia e só! Nenhum minuto a mais ou a menos. E com elas você faz o que quiser, como bem entender. Nada e nem ninguém vai o fazer encolher ou crescer. Não adianta se iludir ‘fazendo hora’. Somos meramente objetos no tempo versus espaço. Somos um devir. O tempo é dentro das necessidades humanas, uma contagem abstrata imprescindível.

“O tempo do presente é a percepção. O tempo do passado é a memória. O tempo do futuro é a expectativa”.

Aristóteles disse que o tempo é o número (soma) do movimento, segundo o anterior e o posterior, ou seja, o tempo é o presente! Mas por que estamos sempre querendo voltar ou estar além? O tempo faz parte e está distante da realidade que pensamos dominar. Pode ser passado, presente, futuro, ou pode ser antes e depois, anterior e posterior. O tempo pode ser ontem, hoje, agora, mais tarde e amanhã. Dizem que toda essa mensuração do tempo não passa de uma irrealidade criada pelo poder temporal da nossa mente.

Qual é o seu tempo? É aquele que quando está bom passa rápido e quando está ruim se arrasta? Como em um momento ele pode passar mais rápido e em outro não? Não estamos tratando do mesmo tempo e da mesma medida? O nosso tempo subsiste!

“Sabes tu, porventura, o que vale um dia?
Conheces o preço de uma hora?
Examinaste, já, o valor do tempo?
Decerto não, porque o deixas passar, alegre, descuidado da hora que, fugitiva e secreta, te leva preciosíssimo roubo. Quem te disse que o que já foi, voltará, quando te for preciso, se o chamares?
Dize-me: viste já alguma pegada do dia?
Não!
Ele só volta a cabeça para rir e zombar daqueles que assim o deixaram passar”.



*Leide Franco - Comunicadora com pretensões literárias; 
Um pouco de filosofia e reflexões cotidianas; 
Um muito de MPB
E quase nada do que ainda quero ser. 
Escreve às segundas-feiras.

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