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Sávio Ximenes Hackradt

25.11.11


Um projeto foi criado para estimular a contratação destes profissionais. Em dois meses, 26 das 146 vagas trabalhadas foram preenchidas por negros
Amanda Camasmie, Época Negócios

Negro ainda sofre preconceito no mercado de trabalho
Ainda existem empresas que não aceitam negros no quadro de funcionários. Essa é a afirmação de Paulo Lourenço Vieira, sócio-diretor da Proton Consultoria, empresa que presta serviços para o segmento de Recursos Humanos. A Proton recebe currículos online e os envia para os seus cerca de 40 clientes – médias e grandes empresas.

“Já aconteceu de um cliente gostar do currículo e rejeitar o candidato por ele ser negro”, afirma Vieira. A situação recorrente fez com que ele e seu sócio, Luiz Cesar Salles Gomes, criassem o Protonegro, um projeto para conscientizar os gestores das companhias a contratar negros. O objetivo do Protonegro também é inseri-los em cargos de maior nível hierárquico.

Desde que o projeto foi criado, há dois meses, foram contratados 26 negros em 146 vagas trabalhadas pela empresa. Alguns deles conseguiram ser empregados como gerentes ou analistas. Outros foram contratados como assistentes administrativos, operadores de caixa ou manobristas. “A discriminação existe de forma velada. O negro ainda está pouco inserido no mercado de trabalho, principalmente em cargos de ponta”, diz.

Pesquisa do Instituto Ethos mostra que os negros são minoria em níveis hierárquicos mais altos. Ocupam 25,6% dos cargos de supervisão, 13,2% dos cargos de gerência e 5,3% das posições de diretoria. Eles também ganham quase a metade do salário dos brancos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o branco ganha em média R$ 1.538, enquanto o negro recebe R$ 834.

Antes do projeto, Vieira conta que enviava o currículo de negros para entrevistas e encontrava alguns bloqueios. Mas agora, falando abertamente sobre a questão, a barreira de resistência tem diminuído. “Depois que conversei com um cliente que não contratava negros, ele passou a incluí-los no processo”. Se esse cliente os contratou? “Ainda não. Mas os negros ainda estão concorrendo no processo seletivo da empresa dele”, afirma Vieira.
A maioria dos brasileiros (67,3%) acredita que a cor ou a raça influencia na vida das pessoas, de acordo com outro estudo do IBGE. A principal situação em que isso acontece é no trabalho, citado por 71%. A pesquisa foi realizada em 15 mil domicílios de cinco Estados (Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso) e no Distrito Federal. O estudo foi divulgado em julho deste ano e as informações foram coletadas em 2008.

Resistências à parte, a participação da população negra no mercado de trabalho está melhorando. As contratações saltaram de 23,4% em 2003 para 31,1% em 2010. Mas o número ainda é baixo se considerarmos que os negros são mais da metade da população brasileira. Pelos números do IBGE, o país conta com 97 milhões de negros e 91 milhões de brancos.

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